INCLUSÃO
CAPS Folia é realizado pela Rede de Saúde Mental do Município
Evento tem foco na integração dos pacientes entre si e com seus familiares e a própria equipe
Publicado em: 21/02/2020 por Kalyne Cunha
Como forma de democratizar uma das festas mais populares do mundo e promover a integração entre pacientes e usuários do Centro de Atenção Psicossocial, CAPS, a Secretaria Municipal de Saúde, Semus, realizou o carnaval da Rede de Saúde Mental do Município, o CAPS Folia. O evento aconteceu na manhã desta sexta-feira, 21, no Clube da Sucan e tem objetivo de aproximar pacientes e familiares, juntamente com os profissionais da rede. A secretária adjunta de Saúde, Mariana Jales, a secretária de Desenvolvimento Social, Janaina Ramos, a coordenadora da Saúde Mental, Kátia Carvalho e demais autoridades municipais participaram da programação.
A programação iniciou com a vivência histórica da reforma antimanicomial no país e contou com a participação dos usuários e pacientes do CAPS 3, CAPS Ácool e Drogas e Residência Terapêutica que relataram experiências de vida do processo manicomial até sua total extinção, como enfatiza o coordenador do CAPS III, Patrício Silva. “O momento reflexivo oportuniza que o próprio usuário veja como era antes o sistema de manicômio e como são atualmente desenvolvidos benefícios após a reforma psiquiátrica. Eles conseguem visualizar fatos quando internados em clínicas psiquiátricas e os diferenciar do tratamento no meio aberto”.
Na sequência, pacientes caracterizados com roupas e máscaras carnavalescas participaram de um momento descontraído ao som do DJ Banzai. Na programação, o baile de máscaras premia o “folião” mais bem caracterizado e o melhor dançarino da festa, além de sorteio de brindes e lanche coletivo.
Sobre os adereços carnavalescos, Patrício Silva explica que o processo é realizado em oficinas. “Dentro da equipe há um processo social em relação à construção das máscaras, que são atividades provocadas nos usuários, os estimulando na confecção e adaptação de roupas e máscaras. O reflexo disso demonstra o serviço da Secretaria Municipal de Saúde, que é tratar o usuário em meio aberto possibilitando oportunidades. Não é fazermos as coisas por eles, mas com que aprendam e eles próprios serão agentes ativos dentro desse processo de promoção da própria saúde”.
Um dos pacientes do CAPS, Ivaldo Freitas, fala sobre a sensação da imersão do carnaval protagonizado pela Rede de Saúde Mental. “Estou me sentindo feliz, a máscara que estou usando foi feita na oficina com a tia Meire”. Questionado se ganharia o prêmio como melhor dançarino da festa respondeu timidamente, “danço um pouquinho e estou gostando do carnaval”. Já Cícero Cândido, também paciente do CAPS, falou que a idade não o ajudava muito e, em tom de brincadeira, respondeu “estou meio capenga, mas respeito todos que vão participar desse momento”.
Sobre a logística dos pacientes da Residência Terapeuta, o coordenador interino, Robson Mariano, enfatiza que há uma equipe multiprofissional responsável pela saúde e bem-estar dos moradores da casa. “Há um transporte próprio para a locomoção dos moradores da casa. Temos cuidadores, técnicos de enfermagem, servidores da rede e outros funcionários que fazem parte deste trabalho de inclusão social do paciente no meio público. A equipe os levará na programação carnavalesca de marchinhas no domingo, às 17h e logo em seguida retornarão aos horários das suas atividades internas. O momento oportunizará a vivência e a alegria do carnaval na prática”.
A coordenadora do CAPS AD, Raymara Lima, discorre sobre a importância da comemoração. “O evento tem objetivo principal de ofertar a integração dos pacientes entre si e com seus familiares e com a própria equipe eliminando a questão da diferença. A festa de carnaval promove isso de uma maneira muito democrática, pois é um momento de alegria e descontração. Isso é terapêutico e é uma oportunidade onde eles se sentem à vontade e sem diferenças”.
A coordenadora geral da Saúde Mental no município, Kátia Carvalho, evidencia que o momento festivo foi muito além de uma recreação alusiva. “O carnaval da Saúde Mental além de ser uma forma de entretenimento, é uma oportunidade para os pacientes se expressarem, por meio das oficinas de confecções dos adereços utilizados por eles. Desse modo, eles praticaram a percepção, concentração, coordenação motora e receberam estímulos por meio dessa atividade para que tenham autonomia de desenvolverem diversas atividades do cotidiano”.
A secretária adjunta de Saúde, Mariana Jales, explicou que a gestão do prefeito Assis promove o carnaval, da Rede de Saúde Mental do Município como forma de ressocializar pacientes que passaram ou não por algum processo de internação ou perderam sua autonomia por conta de alguma doença emocional, pois as atividades externas são importantes na recuperação do indivíduo. "O carnaval é uma festa muito popular e de grande interação interpessoal, então promover esses momentos contribui para que o indivíduo se adapte novamente à vida social”, acrescentou.