INCLUSÃO
Setembro Azul celebra conquistas da comunidade surda
Campanha reflete sobre os direitos dos surdos.
Publicado em: 12/09/2019 por Ariel Rocha
Você conhece o “Setembro Azul”? Pois bem, no mês de setembro há várias datas importantes para a comunidade surda. As celebrações alusivas durante a programação do período festejam conquistas importantes e promovem uma série de eventos de conscientização sobre inclusão e acessibilidade.
Com objetivo de incentivar e promover o ensino da Língua Brasileira de Sinais, a Secretaria Municipal de Educação, Semed, oferece cursos de Libras a qualquer cidadão interessado. Atualmente, são quatro turmas no nível básico, duas do intermediário e uma do avançado. Por semestre, há uma média de 25 alunos estudando em cada turma e os níveis possuem carga horária de 120h. Novas turmas estarão disponíveis em 2020.
De acordo a coordenadora do Setor de Inclusão e Atenção a Diversidade da Semed, Leila Lopes Barbosa Cunha, há no curso alunos de várias áreas de atuação profissional. “É importante difundir a Língua Brasileira de Sinais como forma de viabilizar a inclusão das pessoas com surdez, tanto nas escolas como em espaços diversos na sociedade”, informou.
O tradutor e intérprete de Libras há quase 30 anos, Jean Carlos Pinheiro, acredita que algumas empresas, organizações e instituições possuem interesse efetivo em contratar pessoas com conhecimento em Libras. “Os surdos tem a Libras como primeira língua e, muitas vezes, dependem dela para se expressar. A comunicação com pessoas surdas faz com que as conheçamos melhor: estilo de vida, hábitos e principalmente desafios”, comentou.
Em setembro, comemora-se a aprovação da Lei do Intérprete de Libras, além dos dias da Língua de Sinais, Luta das pessoas com deficiência, Dia Nacional do Surdo e o Mundial do Tradutor. Não apenas as conquistas são revisitadas, existe a rememoração de momentos sombrios da história, como a proibição do uso da Língua de Sinais durante um tempo e a grande perseguição sofrida na Segunda Guerra Mundial.
Apesar de várias conquistas, existem ainda caminhos a serem percorridos no que diz respeito à garantia dos direitos dos surdos. Principalmente na promoção de medidas efetivas na inclusão social e na acessibilidade. Segundo o universitário Max Rhuan, 23 anos, que é surdo desde os três anos de idade, a sociedade precisa entender a condição e a realidade da comunidade.
Max comenta ainda que para se fazer uma sociedade inclusiva e justa, mais informações devem ser disseminadas sobre os surdos. “O reconhecimento de nossa língua oficial no Brasil e, de outras Línguas de Sinais pelo mundo, tem um real significado para nós surdos. É muito importante para toda a comunidade surda e também para a sociedade em geral”, explicou.
A Língua Brasileira de Sinais, Libras, é um dos idiomas oficiais do país. É uma língua gestual, com estrutura e regras próprias, utilizada por grande parte da comunidade surda. Porém, ela ainda é pouco utilizada entre as pessoas ouvintes e infelizmente desconhecida para uma parcela considerável da população.
Inclusão escolar
Em Imperatriz, a Escola Municipal de Educação Bilíngue para Surdos Professor Telasco Pereira Fialho foi inaugurada em 2012 e na gestão do prefeito Assis Ramos recebeu ações de melhorias, como reforma e ampliação dos espaços, se tornando a primeira escola de tempo integral da cidade.
Localizada no bairro São José do Egito, a unidade educacional atende mais de 60 alunos que cursam do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Posteriormente esses alunos são inseridos no ensino regular. Além do currículo tradicional, a unidade escolar traz atividades que estimulam habilidades, com aulas de informática, dança, música, reforço escolar, esporte, teatro e contação de história.
Como primeira Escola Bilíngue do Maranhão e a segunda do país, os alunos da unidade são alfabetizados em sua língua materna, que é a Língua Brasileira de Sinais e aprendem a Língua Portuguesa como segunda língua. Mas não apenas os alunos recebem o acompanhamento adequado, as famílias também podem fazer o curso gratuito de Libras.
O projeto “Pais Sinalizando”, desenvolvido na escola, atende os pais e responsáveis por esses estudantes surdos. A professora na unidade, Solange Feitosa, comenta que essa ação melhora a comunicação no âmbito familiar. “Já houve caso de uma mãe de aluno que fez o curso, se aprimorou e virou intérprete”, disse.
Um Pouco de História
Entre os dias 6 e 11 de setembro de 1880, aconteceu o Congresso de Milão. Na ocasião, que reuniu diversos educadores de surdos, foi proibido o uso da Língua de Sinais na educação dessas pessoas. Isso fez com que os surdos se adaptassem às línguas orais, até a reintegração social das línguas de sinais.
Durante muito tempo, a cor azul foi uma triste lembrança da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Os nazistas acreditavam em uma suposta “superioridade” alemã e, por conta disso, identificavam com uma faixa azul no braço todos os indivíduos com deficiência. Cerca de 20 mil pessoas deficientes foram mortas por serem consideradas inferiores.
Com o passar dos anos, houve uma ressignificação do azul, que passou a ser evidenciado pela Comunidade Surda como símbolo de orgulho e resistência. Hoje, significa toda a violência enfrentada por essas pessoas e o orgulho da identidade dessa comunidade.
Conheça as datas do Setembro Azul:
01/09 – Aprovação da Lei do Intérprete de Libras
10/09 - Dia Mundial da Língua de Sinais
21/09- Dia da Luta das Pessoas com Deficiência
26/09 - Dia Nacional do Surdo
30/09 - Dia Mundial do Tradutor